Os técnicos de conservação do Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), de Orleans, estão realizando a restauração de três imagens sacras da Capela de Santa Augusta, em Braço do Norte. A Capela foi construída em 1887, por imigrantes que vieram da Itália em 1875, em pagamento a uma promessa de João Batista Uliano.
A Capela foi construída com tijolos produzidos artesanalmente pelos moradores da comunidade. As imagens, representando Santa Augusta, São Pedro e São Paulo, foram modeladas de barro cru, Uliano. O coordenador do
Conselho Pastoral da Comunidade (CPC), Gemerson Della Giustina, de 49 anos, relata que a ideia veio de João Batista Uliano, em agradecimento à graça alcançada, depois de uma forte dor de dente. Ele iria fazer uma gruta a Santa Augusta, já que ela também teve seus dentes arrancados. Comentando com os demais moradores da comunidade, eles decidiram fazer uma capela, para abrigar os moradores na reza do terço aos domingos. Sem dinheiro para comprar e mandar trazer as imagens dos santos, o próprio João Batista Uliano, modelou os apóstolos São Pedro e São Paulo e a padroeira da comunidade, que dá nome ao bairro, Santa Augusta.
Mais tarde, foi feita uma torre na Capela, e um sino bento veio da Itália. “É um sino contra a trovoada”, garante Gemerson. O primeiro sino acabou rachando, mas é mantido num monumento ao lada da capela para conservar a tradição e mais um veio da Itália, que é mantido na torre. A comunidade procurou a Unibave para restaurar as imagens para ser entregue a comunidade antes dos festejos do dia de Santa Augusta, comemorado em 22 de agosto.
A festa foi interrompida, mas tradição de confeccionar broas de polvilho, receita que veio da Itália, os moradores estão mantendo, de uma forma que o atual tempo permite. Elas são vendidas no sistema drive-thru, e demais postos de vendas divulgados pelo facebook da Capela Santa Augusta.
“A preocupação da comunidade é a questão de conservar as imagens que estão se deteriorando. Não é uma história de hoje. Tem 135 anos que as imagens estão aqui”, declara.
Restauração
Dois técnicos do Unibave trabalham no local. A diretora do Museu ao Ar Livre Princesa Isabel (Malpi), Valdirene Böger Dorigon e o museólogo Idemar Ghizzo. Eles procuraram estabilizar a degradação, já que as imagens usam uma técnica que não é muito comum. “As imagens são de argila crua. Onde a degradação é maior. Toda a unidade da parece é absorvida pela argila das imagens”, relatou Idemar. Segundo ele, para fazer a restauração foi realizado a fixação da camada pictórica em desprendimento, higienização, aplicado a técnica de estuques, nivelamento, camada de proteção e reintegração pictórica.
A diretora do Malpi, diz que é importante a preservação das imagens realizada pela comunidade e que seja efetivado o reconhecimento como patrimônio cultural, não só pelo município de Braço do Norte, mas de toda a região. “É uma técnica rara, feita por imigrante que buscava representar a fé ”, comentou a diretora, destacando a idade das imagens datadas do século passado.